Na liturgia de hoje, na primeira leitura, Isaías fala dos surdos que ouvirão e dos cegos que verão. É uma imagem poderosa da ação de Deus que abre nossos sentidos espirituais. Muitas vezes, estamos “surdos” à sua Palavra ou “cegos” diante da sua presença. Mas o Senhor vem para curar nossa incapacidade de perceber o divino. Vemos que os pobres e humildes se alegrarão no Senhor. Isso revela a lógica do Reino: não são os poderosos que experimentam primeiro a salvação, mas aqueles que confiam em Deus com simplicidade. A verdadeira alegria nasce da fé e da esperança no Senhor, não das riquezas ou do prestígio humano. Isaías anuncia que os violentos e arrogantes serão eliminados. A justiça de Deus não permite que a opressão dure para sempre. Ele defende os fracos e estabelece a verdade. É um chamado para que também nós sejamos instrumentos de justiça e paz, combatendo toda forma de exploração.

No salmo responsorial temos, « Sei que a bondade do Senhor eu hei de ver / na terra dos viventes. / Espera no Senhor e tem coragem, /espera no Senhor! »

No Evangelho, temos a cura de dois cegos que seguem Jesus clamando: “Filho de Davi, tem piedade de nós!”. Eles reconhecem em Cristo o Messias esperado e, mesmo sem enxergar com os olhos, veem com a fé. Jesus pergunta: “Credes que eu posso fazer isso?”. A cura não acontece automaticamente, mas depende da confiança deles. A fé é a chave que abre os olhos e o coração. É um convite para nós: acreditamos verdadeiramente que o Senhor pode transformar nossa vida? Jesus toca os olhos dos cegos e diz: “Seja feito conforme a vossa fé”. O gesto revela a proximidade de Deus: Ele não é distante, mas se inclina até nós, toca nossas feridas e nos restaura. Após a cura, Jesus pede que não divulguem. Mas eles, tomados pela alegria, espalham a notícia. Isso mostra como é difícil conter a experiência de encontro com Cristo. Quem é tocado pela graça não consegue guardar só para si.

Na certeza que Jesus nos cura, nossa Sexta-feira, é vivida com alegria, pois sabemos que o Senhor renova nossas forças e consola nossos corações.