Na liturgia de hoje, na primeira leitura, Daniel fica perturbado com a visão dos quatro animais e pede explicação. O anjo revela que eles representam reinos que surgirão na terra, mas que no fim, o poder será entregue ao “povo dos santos do Altíssimo”. O reino será eterno, e todos os dominadores servirão e obedecerão a Deus. A visão o deixa confuso e assustado. Isso mostra que até os profetas experimentam medo diante do mistério. Também nós, muitas vezes, não entendemos os acontecimentos da história ou da nossa vida. Os animais simbolizam impérios humanos, fortes, mas limitados. É um lembrete de que nenhum poder terreno é absoluto. Tudo o que não está em Deus é transitório. A mensagem central é de esperança: apesar das forças do mal, o Reino será entregue ao povo fiel. Em Cristo, todos os que perseveram na fé participam dessa vitória. Diferente dos reinos humanos, o Reino de Deus não terá fim. É promessa de justiça, paz e vida plena. Daniel nos ensina que, mesmo diante das forças que parecem dominar o mundo, o último capítulo da história pertence a Deus. O Reino será entregue aos santos, e em Cristo já participamos dessa vitória.

No salmo responsorial temos, « Almas dos justos, bendizei o Senhor! / Santos e humildes, bendizei o Senhor! »

No Evangelho, Jesus alerta os discípulos: “Tomai cuidado para que vossos corações não fiquem insensíveis por causa da gula, da embriaguez e das preocupações da vida, e esse dia não vos apanhe de surpresa... Vigiai e orai em todo momento, para terdes força para escapar de tudo o que deve acontecer e para ficardes de pé diante do Filho do Homem.” Jesus nos chama à vigilância interior. Muitas vezes, não é o pecado escandaloso que nos afasta de Deus, mas a distração, a rotina sem oração, o coração pesado pelas preocupações. Quando nos deixamos dominar pelas preocupações materiais ou pelos prazeres desordenados, ficamos anestesiados para as coisas de Deus. É um convite à sobriedade e ao equilíbrio. A vigilância não é medo, mas atenção amorosa. A oração nos mantém de pé, firmes diante das provações, e nos prepara para o encontro com Cristo. Essa expressão indica dignidade e perseverança. Quem vigia e ora não será derrubado pelas dificuldades, mas permanecerá firme na fé até o fim. Somos chamados à vigilância amorosa e à oração constante. Jesus nos lembra que o mundo passa, mas quem permanece unido a Ele estará de pé diante do Filho do Homem.

Na certeza que Jesus tem misericórdia de nós, nosso Sábado floresce em esperança, preparando-nos para o Domingo do Senhor.